Hoje morreu, aos 87 anos, José Saramago. Da caneta desse escritor nasceram personagens surpreendes como Humanidade, Caim, Jesus, Cegueira, Morte. E das palavras de Saramago surgiram grandes imagens como as fotografias em preto e branco de Sebastião Salgado.
Em Terra as imagens bem poderiam falar por si, mas é da introdução corajosa e determinada de Saramago que saem as imagens mais contundentes da violenta luta pela terra. Com sua acidez peculiar, o escritor deixa as imagens de Salgado ainda mais intensas e contundentes.
Aqui deixo a imagem da capa do livro, na certeza de que essa traduz a brilhante e obrigatória introdução de Saramago da qual deixo o link: http://pensocris.vilabol.uol.com.br/josesaramago.htm e o diálogo de Deus com a multidão: "Falando à multidão, anunciou: “A partir de hoje chamar-me-eis Justiça.” E a multidão respondeu-lhe: “Justiça, já nós a temos, e não nos atende." Disse Deus: “Sendo assim, tomarei o nome de Direito.” E a multidão tornou a responder-lhe: “Direito, já nós o temos, e não nos conhece." E Deus: "Nesse caso, ficarei com o nome de Caridade, que é um nome bonito.” Disse a multidão: “Não necessitamos caridade, o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite.”".
Um detalhe importante nessa fotografia também é o contraste: entre o "limpo" e o "sujo", o "cotidiano" e a "pose". A foto é claramente um close onde Salgado definiu como a menina deveria ficar, mas acima de tudo é o retrato da dor cotidiana, da luta amarga pela vida e pela terra que começa cada vez mais cedo. Ainda não saimos do contraste!
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