terça-feira, 16 de outubro de 2012

O princípio do photoshop ou apenas bom senso?

Foto feita com IPhone da Esplanada dos Ministérios
em Brasília (Mariana Tavares)
Estou, como faço com certa frequência, relendo Cecília Meireles. Releio, todos anos, essa grande poeta, outro igualmente grande - Drummond, e também Dom Casmurro. Mas esse post nada tem a ver com minhas leituras de cabeceira, mas com o que uma releitura é capaz de proporcionar.


Relendo Cecília me deparei com um poema fabuloso, simples e direto. Podem mexer na fotografia, só não se pode mexer na alma que a constrói e a torna o único retrato de um momento. Simples assim! Cecília deixa claro a necessidade de garantir que no futuro possamos nos reconhecer naquele velho retrato, ainda que não saibamos mais se tínhamos mesmo aquele rosto, o importante é sabermos sempre a alma por trás das manipulações e modificações de uma imagem.
Mesma foto com alguns filtros ganha contornos
mais dramáticos. Será mesmo mera ilusão?!
Na mesma linha li uma reportagem da revista Veja dessa semana sobre uma exposição no museu Metropolitan em Nova York sobre fotos manipuladas na era pré-photoshop que mostra o princípio das manipulações e como elas tinham uma função específica que ainda hoje permanece: o dom de iludir! Mas o principal é que a fotografia continua sendo o nosso melhor de dizer o que pensamos e quem realmente somos! Mesmo na era do photoshop ela ainda é um bom caminho para a realidade, ainda que repleta de ilusão!
Ahh e claro, teremos poesia!



ENCOMENDA 
por Cecília Meireles

Desejo uma fotografia
como esta - o senhor vê? - como esta:
em que para sempre me ria
com um vestido de eterna festa.

Como tenho a testa sombria,
derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta
um certo ar de sabedoria.

Não meta fundos de floresta
nem de arbitrária fantasia...
Não... Neste espaço que ainda resta,
ponha uma cadeira vazia.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A imagem poética musical

O som é capaz criar uma série de imagens e de construir com isso sensações e emoções diversas. Há alguns dias tive a enorme alegria de reencontrar no som um grande amigo. Desses amigos que não se perde pelos becos da vida, apesar de podermos encontrar nesses mesmos becos. Amigo de vida, de alma, de trocas e de poesia, amizade única. E em homenagem a esse reencontro que aconteceu no delicioso “MÚSICA DE SARAU” um pouco de imagem e poesia!

A palavra pode ser única.
Mas da dose depende
Sua verdadeira essência.
Nela pode estar o encontro,
Mas também pode estar o vazio,
E certamente contempla o silêncio.
E ela é mesmo capaz de acordar os homens,
Como dizia o poeta.
É na palavra, dita ou escrita,
Que moram os anseios,
Que reside quem somos.
Mas a palavra quando vira música
Ganha novos contornos.
E na Música de Sarau,
Feita de verdadeiras palavras,
Construída pela alma poética,
Mora a delícia
De reencontrar o amigo da vida!


Esse post diferente é para dizer que sempre vale a pena reconhecer na palavra amiga e conhecida o novo e inesperado som que ansiosamente aguardamos. O disco Música de Sarau prova que é possível redescobrir alguém mesmo naquela pessoa já infinitamente conhecida. Eros Trovador se junta a uma boa trupe de músicos para fazer poesia em músicas deliciosas de ouvir e sentir. Música que vale a pena para os apaixonados pelo som, pelas palavras e/ou pelas imagens. Curta a Música de Sarau.