sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MÚSICA, CINEMA E IMAGENS QUE SE FORMAM

Julho e Agosto surpreenderam bastante! Após o falecimento estúpido e precoce da fabulosa Amy Winehouse uma onda de otimismo e melancolia me atingiu com as metáforas de Chico Buarque. Para completar, uma grata surpresa deliciosa de Woody Allen a lembrar seus melhores tempos. Sim, é sobre as imagens que se formaram nesses fatos que vou falar hoje.


Então comecemos pela “mulher sem orifício” de Chico Buarque. Eu li boa parte das críticas sobre o disco e confesso que tirando partidarismos da Veja e da Carta Capital, restou-me ouvir o disco e chegar às minhas próprias conclusões e imagens. Sim, Chico Buarque não tem mais 20 e poucos anos e isso o torna certamente menos afoito como em Cotidiano, menos “deliciosamente inconseqüente” como em Apesar de Você, mas certamente o deixa mais verdadeiro, mais sincero, e porque não dizer mais coerente com quem sempre foi. Ele é a alma de Chico onde também está a crítica social. E é nessa crítica que estão os versos tão absurdamente criticados.

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício
Sim, Chico literalmente diz que é ateu, não vê problema nisso, mas, pela insistência de todos, resolve pensar nas possibilidades: uma religião de matriz africana (sacrifício de ovelha), talvez uma oriental (Budismo e Hinduísmo adoram estátuas), sem esquecer as cristãs (e sua adoração por Nossa Senhora casta e mãe – a mulher sem orifício). No fim percebe-se que não ter religião é sua única fé. Eu do meu lado também vivo a questionar as religiões. Minha grande fé é a única certeza que tenho e dela advém muitas das minhas imagens porque a religião pode ser esquisita, mas a fé é linda. Uma homenagem ao fabuloso e criticado Chico Buarque que em seu Chico nos lembra que não morreu e ainda tem o que mostrar.

Minha fé é certeza de que algo nos sustenta no mundo
E lembra Amy e sua morte precoce, que levou embora a voz “arrasa quarteirão”! Da sua morte restou-me a imagem de quem não conseguia dormir e no meio da madrugada precisou mostrá-la e dizer que um dia tudo volta à escuridão como em Back to Black. Uma longa exposição de 30’ com o cachorro dando ares fantasmagóricos é meu presente à diva branca do soul. No fim também uma questão de fé!
Madrugada acordada com Amy no som, cerveja no copo e fotografia
Para completar esse período Woody Allen e seu “Meia-noite em Paris”. Se eu já queria ver as imagens da cidade-luz, agora quero mais ainda. Sim, Woody sabe nos encantar, nos mostrar as grandes belezas e delícias de cada lugar e com Paris não foi diferente. Owen Wilson em sua melhor interpretação até hoje dá cara ao alterego de Allen, Kathy Bates é uma surpreendente Gertrude Stein de uma Paris dos anos 20 que todos gostariam de viver, mesmo sabendo que vivê-la não muda em nada nosso hoje. Sim, Allen fez um filme maravilhoso para dizer que passado, presente e futuro têm sua razão de ser e devem ser vividos cada um a seus tempo porque misturá-los só vai mostrar que cada época tem seu bom e seu ruim. E vivê-los é nossa única possibilidade! Para Allen um pouco do meu hoje em um autoretrato fantasioso e diferente.
Fugacidade no Autorretrato

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