sexta-feira, 16 de setembro de 2011

TRATAMENTO E TRANSFORMAÇÃO: LIMITES DA IMAGEM

Sinceramente nunca fui das mais adeptas aos tratamentos na imagem. Mas até mesmo quem discorda de seus usos há de concordar que o Photoshop pode melhorar a imagem tornando-a melhor e mais próxima do que realmente era a intenção do fotógrafo. Mas quais são os limites para esse tratamento? Até onde uma imagem pode ser tratada sem ser transformada em outra? Essas perguntas que me rondam, me obrigam a voltar ao tema.

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Recentemente começou a rodar o mundo uma série de discussões sobre os impactos dos tratamentos de imagem na percepção e aceitação da publicidade, bem como dessa percepção na autoestima das pessoas receptoras das mensagens publicitárias. A questão é bem simples: o tratamento de imagens pode distorcer a publicidade e a notícia de tal modo que os resultados mostrados nas imagens não refletem os resultados alcançados pelos produtos, nem tampouco o fato noticiado. Assim as imagens publicitárias com tratamento excessivo, passaram a ser vistas como publicidade enganosa e as notícias com imagens tratadas passaram a ser vista com desconfiança.
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Dentro desse contexto o Congresso Nacional possui hoje diversos projetos de Lei sobre o tema: proibição do tratamento excessivo em revistas de moda e beleza , proibição do tratamento de imagens em campanhas de alimentos, proibição do tratamento excessivo em publicidade de cosméticos e moda. Mas como saber como um tratamento é excessivo ou não e como avaliar se aquele excesso realmente modifica a percepção do consumidor sobre o que está sendo vendido?

Foto do Pão de Açúcar tratada - beleza ressaltada

Alguns países já encontraram algumas possibilidades. Na França é proibido o uso de tratamento de imagens em publicidade e editorial (revistas, jornais etc) para redução de peso de modelos e/ou para transmitir uma juventude que não é real. Já a Inglaterra proíbe todo e qualquer tratamento que não possa ser completamente descrito, detalhado e justificado. A Austrália por sua vez proíbe qualquer tratamento no fotojornalismo, na publicidade de alimentos e cosmética. Esses são alguns exemplos do que já se encontra em andamento em outros países, mas nada muda a essência.
Foto do Pão de Açúcar antes do tratamento.

A verdade é que existem sim bons tratamentos de imagem que possibilitam modificar a percepção do receptor para melhor e clarificar a idéia transmitida pelo fotógrafo e/ou Diretor de Arte, sem que isso seja considerado uma propaganda enganosa de algo. O tratamento de imagens pode e deve ser usado quando a ilusão por ele provocada não gerar no receptor uma interpretação que confrotada com a realidade gere prejuízos a esse receptor.

Dentro desse conceito podemos até arriscar dizer que uma foto que não precise transmitir a realidade ou o resultado real de um produto pode ter tratamento de imagens, sendo que as imagens que necessitam dessa vinculação com o real não poderiam ser tratadas. Simplista assim parece que o tratamento de imagens é algo que deturpa a realidade quando muitas vezes ajuda a revelá-la.

E a verdade é que não temos ainda um caminho que mostre quais são os reais limites do tratamento e até onde a transformação de uma imagem em outra ajuda o trabalho do fotógrafo e melhora a percepção sobre a mensagem que se quer transmitir. A única certeza que há é que o tratamento de imagens não pode transformar a publicidade a ponto de torná-la mentirosa ao consumidor, nem transformar a notícia a ponto de modificá-la; mas esse tratamento pode e deve criar novos parâmetros artísticos, novas concepções fotográficas e estabelecer novos caminhos para a Fotografia. 

A orquídea fotografada sem o tratamento

A foto tratada - nova concepção e novo conceito,
uma outra imagem

A questão que deve ser discutida é como chegar ao equilíbrio nesses contextos e como tornar a leitura e percepção das imagens algo mais acessível a todos, tornando o tratamento da imagem algo claramente compreensível e identificável melhorando assim a comunicação a ser estabelecida entre a imagem e o seu espectador.

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