segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Multas reais x Imagens imaginárias ou vice-versa

É verdade que estamos matando e morrendo no trânsito como nunca! É verdade que a tendência é piorar. E é verdade que mudar esse panorama envolve não apenas conscientizar motoristas, mas mudar toda uma cultura de transporte no Brasil, priorizando não apenas no transporte – verdade seja dita, mas na nossa vida – o conjunto em detrimento do individual. Mas hoje é especificamente do trânsito e de suas imagens que irei falar.

Na última semana resolvi olhar quanto custaria IPVA e outros pagamentos obrigatórios para um carro andar. Começo a desconfiar que Danuza Leão tenha razão ao abolir esse meio de transporte de sua vida. E para minha surpresa descobri que quase um ano depois uma multa da qual recorri foi finalmente excluída do rol das minhas multas. Argumentação deles: a imagem realmente não possibilita confirmar o veículo. Como é que é?!!!! Sim, eu sabia que não era meu carro apenas porque eu não estava em Brasília no dia, mas o Detran teve a audácia de me multar por algo que eles achavam que era o meu carro que talvez estivesse infringindo uma norma?! Isso me acendeu um farol (e alto!). Como pode o Detran decidir fazer uso de imagens para multar motoristas se não pode acreditar nessas imagens?

Bem, decidi então rever todas as minhas multas e qual não foi minha surpresa quando descobri que aproximadamente 20% delas não existiram e eu paguei indevidamente (porque não me atentei para a hora exata, local exato e/ou dia exato, incluindo minutos que fazem a diferença). Eu sou totalmente favorável a câmeras vigiando as pistas, já que não podemos confiar nos guardas de trânsito, que são insuficientes e/ou não dão conta do recado (pelo menos é o que dizemos ao aceitar as câmeras); mas daí a aceitar que me enganem, com imagens fajutas ou no mínimo suspeitas, é demais.

E é nesse ponto que entra o questionamento: como são registradas as imagens que geram nossas multas? Como essas imagens são processadas, lidas, vistas, retransmitidas, impressas, apresentadas? Prometo responder esses questionamentos em novo post.

Multa é algo tão sério que deveria não gerar qualquer dúvida em seu teor. Em outros países a coisa é tão grave que a multa chega rápido ao multado e é paga rapidamente porque ninguém duvida que cometeu a infração. Mas num país onde os humanos não são confiáveis, como confiar nas máquinas por eles geridas?!

Estamos matando e morrendo muito e essas imagens ajudam a salvar vidas, mas para isso elas precisam ser antes de tudo imagens reais.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A difícil arte de provocar lombrigas em alguém

Ontem estive no Antiquarius Grill em Brasília. Restaurante do grupo Antiquarius do Rio especializado em comida portuguesa, com uma excelente carta de vinhos, um cardápio de arrepiar e uma cozinha realmente esplendorosa.

A deliciosa comida, no entanto não foi bem traduzida por esta que vos fala na foto do prato principal e eis que me ponho aqui pra falar um pouco sobre a arte de fotografar comida. Uma boa foto de comida é aquela que você bate o olho e sente a boca salivar. Parece que conseguimos pela imagem sentir a textura, o aroma e até mesmo o gosto dos alimentos. E com isso conseguimos enfim provocar as lombrigas de nossos espectadores.
Foto do Bacalhau à Antônia - falha nossa...
(bacalhau assado no vinho do porto com alho, cebolas e batatas)
Mas para que a foto de comida seja realmente capaz de nos tirar do prumo e nos fazer salivar é preciso:
  • Luz para deixar as texturas bem definidas – luz natural ou de estúdio (lâmpadas comuns do boteco não ajudam), de preferência sem flash (mas se tiver que usar, nunca use o flash embutido, esse destrói qualquer foto de comida) e com variedade de pontos de iluminação para capturar bem as texturas e nuances do prato (por isso a luz natural ajuda mais, mas podem ser dois ou mais flashes).
  • Com tudo isso apostar em um tripé e na câmera fora da mão é certamente o ideal.
  • Um lugar reservado sem muito vento que pode aumentar a fumaça, esfriar a comida e tirar o brilho e vigor atrapalhando a captação.
  • O prato esteja por si bonito, com variedade de cores e com suas essências bem definidas e bem compostas no local da foto. Um prato de carne deve ter carne com volume, maciez e textura, preparada a pouco o que facilita a captação das nuances do prato e evita a aparência “borrachuda” e sem vida da comida velha.
  • Só coloque a comida em posição quando tudo já estiver pronto para a foto, evitando que o tempo desgaste o alimento.
A bela e saborosa Sopa de Pedra do Antiquarius -
Acho que nessa eu acertei!
Por isso posso entender que a culpa pela minha falha de ontem não é totalmente minha. A sopa de pedra estava bem bonita no seu potinho, e a foto com foco apenas na sopa e o resto desfocado ajuda muito na composição da imagem. Já o prato principal tinha cebolas e molho numa mistura que parecia torná-los uma coisa só e indefinida e para completar eu tava com fome e confesso que fiz a foto só depois da primeira garfada. E isso definitivamente não combina com uma boa foto de comida.

Mas como todas as fotos foram feitas com um IPhone também acho que merecemos perdão, tanto eu como o excelente restaurante Antiquarius.

Para completar esse post segue um link para quem quiser saber um pouco mais sobre o assunto:
http://www.dicasdefotografia.com.br/o-guia-da-fotografia-de-comida
E você já experimentou provocar as lombrigas de alguém?