segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Olhar de cachorro pidão no mercado do coração

Depois de longo e tenebroso inverno... de imagens, ideias, pensamentos e tempo; me vi obrigada a me distanciar desse blog. Mas eis que hoje volto à carga e recomeço com um texto singelo sobre o amor e uma imagem que para mim é amor puro!

Fiz essa foto há muitos anos em um dia de profunda tristeza quando voltei do enterro do meu Tio Mário e com o coração apertado pela triste situação da saúde do meu avô.
Cheguei em casa e me deparei com o enorme sentimento de perda e a sensação de que algumas despedidas parecem maiores do que realmente são, não pela força mas pela sutileza como se apresentam. Naquele dia ao chegar a minha casa descobri que meu tio-avô me era extremamente querido simplesmente porque existia no meu dia-a-dia. Percebi que poderia viver sem ele, mas seria um viver um pouquinho mais vazio, em especial nas visitas a minha avó sem ele por lá com o café coado e aquele jeitinho suave de ser. Consegui fazer uma única coisa ali sozinha – sentei nas pedras em volta da piscina e chorei, chorei porque me senti amparada pela Juju.
E depois de muito chorar descobri naquele olhar a certeza de que tudo ficaria bem. Fotografei a July logo depois das lágrimas e o seu olhar meio questionador, meio calmante foi a mais singela tradução do amor puro, vendido, comprado, doado, encontrado no mundo eternamente em liquidação.
Em 2010 essa sensação de amor e mundo eternamente em liquidação voltou no poema que completa este post:
Mercado de coração
Tá anunciado.
Grande liquidação!
Coração vendido em pedaço,
Almas encontradas no balcão.
Percorro os corredores perdida
Sem encontrar minha razão
Foto que tirei da minha cadela vira-lata July
Procurando você na vida
E também nessa grande ilusão
Cada qual segura sua parte
E briga pela promoção.
Uns querem a arte
Outros querem o tesão.
Eu quero tudo que me libera
Ou que chama minha atenção
Mas a minha grande espera
É pelo seu descontão.
Por isso me diga sem demora
Quanto vale o seu coração,
Porque eu compro agora
Se tiver nessa liquidação.
E eu lhe ofereço em pagamento
Olhar de cachorro pidão.
E também pago com sol se pondo
Ou ainda o meu jeitão
De cachorro sem dono
Atrás de você nessa liquidação.
Mariana Tavares

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Imagem do Abstrato

Infinito Abstrato por Mariana Tavares
Bolhas no azul abstrato
por Mariana Tavares
É interessante pensar que é possível construir imagens que se configuram claramente como abstratas. Essas imagens não traduzem um local, uma pessoa ou mesmo uma situação ou momento. Elas representam um conceito (concreto, colorido, forma básica).

Textura por Mariana Tavares
 
Essas fotos dificilmente se encaixam em algum perfil e muitas vezes traduzem sensações indescritíveis para o próprio fotógrafo: o vazio, o incômodo, o aperto, o nada. Mas se as traduções são igualmente abstratas porque então essas imagens estão a preencher o universo?

Simples, imagens abstratas motivam, provocam dilaceram e são essencialmente plásticas traduzindo uma beleza e uma agradável sensação de pertencimento a quem a faz e a quem a vê. E é dentro desse pertencimento que convido você leitor a sentir as imagens do abstrato que aqui se encontram.
Fundo no abstrato por Mariana Tavares

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

De onde viemos, para onde vamos e o que vivenciamos nesse meio tempo?

Cartaz de divulgação do filme A Arte da Vida
Cartaz do filme A Árvore da Vida
Ontem assisti ao filme (para mim entre o excelente e o formidável) A Árvore da Vida. E a julgar pelos demais espectadores na sala, poucas pessoas ostentam o parêntese acima. Com pouco mais de 20 minutos de filme saiu o primeiro casal, mais dez minutos e em meio a risinhos de um grupo de mocinhas interessadas em algo mais “Onze Homens e um Segredo” saiu um homem e mais um casal. Pouco mais de uma hora de projeção e um terceiro casal desistiu, minha companheira dormia em meio às cenas lentas e longas e eu parecia ser a única interessada no que acontecia na tela.

Fim do filme. Descobri que mais algumas pessoas (uma moça à frente, um casal atrás, um homem no fundo do cinema) ostentam também o parêntese anterior a esse. Comecemos então pelos motivos das mocinhas: o filme tem Brad Pitt e Sean Penn encabeçando o elenco. Em entrevista Sean declarou que a montagem acabou com o filme. Simples, a montagem tirou 70% das cenas gravadas por ele e tornou seu personagem quase desnecessário. Ele interpreta Jack adulto, mas sinceramente o poço de amargura em que ele se transformou ficou claro em cada segundo da fabulosa interpretação do jovem que faz Jack adolescente. Mas é ele, o Jack adulto capaz de decifrar sentimentos e filosofar que cria o espetáculo que vivenciei!


Brad Pitt prova que sabe fazer cinema e dá vida a um pai que muitas vezes lembra O Pai da Santíssima Trindade (ama Seus filhos e exatamente por isso quer fazê-los melhor que Ele, não apenas à Sua imagem e semelhança, mas Sua evolução). Ele é o “pai que nos machuca” e que sequer conseguimos entender o motivo. Ele bem que tenta responder com palavras tão duras quanto gentis: “desculpa”, “queria torná-los mais fortes, melhores que eu”, “amo você”. Mas ainda questionamos e ainda sentimos as dores por Ele causadas!

Para completar o filme é pura contemplação e sentimento! Big Bang, explosões, vulcões, embriões, células se fundindo, a comunicação entre todos os seres – incluindo dinossauros – e uma singela contribuição para as respostas das perguntas que dão título a esse post.

Foto do olho da fotógrafa. Autorretrato de um olhar
Contemplação autorretrato por Mariana Tavares
Ao final apenas sentimento puro, sem qualquer capacidade de definição me inundavam. Saí da sala com a certeza de que tinha vivenciado plenamente o cinema – imagem em movimento, som de nos tirar do rumo e sentimentos à flor da pele – e sem a menor capacidade de dizer nada a respeito do que tinha visto e sentido. Agora, quase 24 horas depois já consigo descrever um pouco melhor o que vi e senti; e a minha melhor definição? Contemplação e sentimento em imagens em movimento e o principal respostas sem as perguntas, filosofia pura.
Isso nos leva a uma obrigatória desconstrução. Se não tenho perguntas e só respostas, então agora me cabe achar que pergunta cabe em cada resposta! Encontrei singelas contribuições para responder às perguntas do título deste post. E você encontrou as perguntas das suas respostas. E lembre-se de não tentar entender, apenas sentir a profusão de imagens que querem exatamente isso: desconstruir seu jeito de sentir o cinema.

Aos que querem saber se recomendo, digo: se você quer filosofar e sentir, sim! Se você quer se divertir, talvez Onze Homens e um Segredo seja a melhor opção do Brad Pitt! Aqui a melhor crítica que li do filme.


terça-feira, 20 de setembro de 2011

A foto artística e a que se torna arte

É interessante pensarmos que a fotografia para todos os efeitos é uma expressão artística, ao mesmo tempo em que é uma forma de mostrar uma situação, fato e ou momento. Dentro desses conceitos como saber só ode olhar se uma foto foi, desde o seu princípio, pensada e estruturada para ser uma expressão artística e quando pela beleza plástica que revela se tornou uma tendo sido pensada apenas como retrato de um fato?

Um exemplo clássico são as fotos dos mestres Henri Cartier-Bresson e Sebastião Salgado. Ambos fotografam fatos, situações e momentos que poderiam ser perfeitamente encaixados em matérias jornalísticas. No entanto a beleza plástica presente em suas imagens às tornaram verdadeiras obras de arte, algumas de valor incalculável.
Foto de Sebastião Salgado retratando trabalhadores rurais
Em outro grupo de fotógrafos está Anne Guedes que concebe suas fotos desde o princípio como manifestações artísticas, pensando e estruturando as imagens para mostrar sua “obra artística” pensada para figurar em quadros, museus e galerias.
Foto de Anne Guedes retratando a diversidade humana
Mas olhando a foto fatual que se transforma em arte é impossível tirar-lhe esse aspecto. Dentro desses pensamentos poderíamos dizer que a questão central se encontra na intenção do fotógrafo, mas será que apenas a intenção pode definir que uma foto é artística? Confesso que ainda não tenho opinião formada, mas será que alguém tem? E a imagem abaixo onde se encaixaria?
Negra Paisagem por Mariana Tavares

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

TRATAMENTO E TRANSFORMAÇÃO: LIMITES DA IMAGEM

Sinceramente nunca fui das mais adeptas aos tratamentos na imagem. Mas até mesmo quem discorda de seus usos há de concordar que o Photoshop pode melhorar a imagem tornando-a melhor e mais próxima do que realmente era a intenção do fotógrafo. Mas quais são os limites para esse tratamento? Até onde uma imagem pode ser tratada sem ser transformada em outra? Essas perguntas que me rondam, me obrigam a voltar ao tema.

Veja aqui post anterior
Recentemente começou a rodar o mundo uma série de discussões sobre os impactos dos tratamentos de imagem na percepção e aceitação da publicidade, bem como dessa percepção na autoestima das pessoas receptoras das mensagens publicitárias. A questão é bem simples: o tratamento de imagens pode distorcer a publicidade e a notícia de tal modo que os resultados mostrados nas imagens não refletem os resultados alcançados pelos produtos, nem tampouco o fato noticiado. Assim as imagens publicitárias com tratamento excessivo, passaram a ser vistas como publicidade enganosa e as notícias com imagens tratadas passaram a ser vista com desconfiança.
Leia mais
Dentro desse contexto o Congresso Nacional possui hoje diversos projetos de Lei sobre o tema: proibição do tratamento excessivo em revistas de moda e beleza , proibição do tratamento de imagens em campanhas de alimentos, proibição do tratamento excessivo em publicidade de cosméticos e moda. Mas como saber como um tratamento é excessivo ou não e como avaliar se aquele excesso realmente modifica a percepção do consumidor sobre o que está sendo vendido?

Foto do Pão de Açúcar tratada - beleza ressaltada

Alguns países já encontraram algumas possibilidades. Na França é proibido o uso de tratamento de imagens em publicidade e editorial (revistas, jornais etc) para redução de peso de modelos e/ou para transmitir uma juventude que não é real. Já a Inglaterra proíbe todo e qualquer tratamento que não possa ser completamente descrito, detalhado e justificado. A Austrália por sua vez proíbe qualquer tratamento no fotojornalismo, na publicidade de alimentos e cosmética. Esses são alguns exemplos do que já se encontra em andamento em outros países, mas nada muda a essência.
Foto do Pão de Açúcar antes do tratamento.

A verdade é que existem sim bons tratamentos de imagem que possibilitam modificar a percepção do receptor para melhor e clarificar a idéia transmitida pelo fotógrafo e/ou Diretor de Arte, sem que isso seja considerado uma propaganda enganosa de algo. O tratamento de imagens pode e deve ser usado quando a ilusão por ele provocada não gerar no receptor uma interpretação que confrotada com a realidade gere prejuízos a esse receptor.

Dentro desse conceito podemos até arriscar dizer que uma foto que não precise transmitir a realidade ou o resultado real de um produto pode ter tratamento de imagens, sendo que as imagens que necessitam dessa vinculação com o real não poderiam ser tratadas. Simplista assim parece que o tratamento de imagens é algo que deturpa a realidade quando muitas vezes ajuda a revelá-la.

E a verdade é que não temos ainda um caminho que mostre quais são os reais limites do tratamento e até onde a transformação de uma imagem em outra ajuda o trabalho do fotógrafo e melhora a percepção sobre a mensagem que se quer transmitir. A única certeza que há é que o tratamento de imagens não pode transformar a publicidade a ponto de torná-la mentirosa ao consumidor, nem transformar a notícia a ponto de modificá-la; mas esse tratamento pode e deve criar novos parâmetros artísticos, novas concepções fotográficas e estabelecer novos caminhos para a Fotografia. 

A orquídea fotografada sem o tratamento

A foto tratada - nova concepção e novo conceito,
uma outra imagem

A questão que deve ser discutida é como chegar ao equilíbrio nesses contextos e como tornar a leitura e percepção das imagens algo mais acessível a todos, tornando o tratamento da imagem algo claramente compreensível e identificável melhorando assim a comunicação a ser estabelecida entre a imagem e o seu espectador.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O 11 de setembro e as vítimas do preconceito

É interessante pensar e repensar anualmente os acontecimentos do 11 de setembro. Verdade que essa data começou muitos anos antes, quando os Estados Unidos (EUA) iniciaram sua cultura imperialista de querer “dominar o mundo” fingindo fazer diferente. Também é verdade que independente do perfil de um governo e de um povo, para além e, muito além, disso existem pessoas que exatamente por viverem em uma democracia têm o direito de concordar ou discordar de seu governo e seu povo.


A foto Símbolos de um Povo homageia um país com o qual costumo discordar.
Uma questão de respeito.
É focando prioritariamente esses pontos que devemos pensar o 11 de Setembro e o ataque sofrido pelos Estados Unidos em 2001. Ainda hoje, 10 anos depois, o que parece chocar o mundo não é a vontade de um grupo de destruir um país, mas a vontade de um grupo de destruir pessoas que eles acreditam concordar com tudo o que esse país é.

Nessa linha de raciocínio podemos comparar os terroristas; que destruíram as Torres Gêmeas, que atacaram o Pentágono e que forçaram a queda de um avião; aos nazistas de Hitler que exterminavam pessoas pelos simples fato de serem elas mesmas. Nesse contexto colocamos no mesmo patamar os terroristas focados no extermínio de pessoas que vivem nos EUA (não apenas de estadunidenses) apenas por viverem lá com os nazistas exterminando judeus apenas por serem judeus.

Ao conseguirmos enxergar as coisas nesse contexto, concordando ou não com as idéias antiimperialistas que motivaram os ataques, é impossível concordar com os ataques em si. E quando somos as vítimas de algo assim é ainda mais fácil entender a dor e a revolta de quem perdeu alguém em uma situação tão crítica. E não é difícil encontrarmos hoje pessoas na mesma situação. Verdade seja dita os milhões de pessoas que vivem nos EUA continuam vivendo o medo de novos ataques e a constante sensação de insegurança. Do mesmo jeito vivem milhares de muçulmanos sempre apontados como culpados por crimes cometidos por uma minúscula parcela deles. E o que dizer das pessoas LGBT aqui no Brasil vítimas constantes de ataques motivados pela homofobia. Como se vê, o problema todo está em um único ponto: PRECONCEITO!

Ao pensarmos friamente o que motivou e o que levou as torres gêmeas a caírem somos perfeitamente capazes de compreender que tudo é decorrência da simples ausência de um conceito formado e do foco em idéias e conceitos pré-estabelecidos. Ao pensarmos que todo estadunidense ou pessoa que lá mora concorda com a política imperialista de seu Governo ou concorda que o mundo só será viável se todos os países forem EUA estaremos sempre nos esquecendo que o ser humano é o único ser capaz de pensar e de estabelecer conexões que o fazem concordar ou discordar de algo. É pensando assim que prosseguimos com a intolerância, o ódio e o medo!

Foto do estágio das obras de reconstrução da Torres Gêmeas em Abr/2011.
Impossível não se emocionar com a vontade da nação em recosntruir a dignidade.
O que fazer para mudar? Simples, devemos seguir o que está em todo e qualquer documento de conduta, da Bíblia ao Alcorão, dos Dez Mandamentos às Leis de cada país, da Declaração Universal dos Direitos Humanos à nossa Constituição: “RESPEITAR”. Respeitar o próximo como a ti mesmo, respeitar o ser humano igual a você em dignidade e direito, respeitar o “Deus” que vive em cada um de nós.

Porque só o RESPEITO nos permite ver a diferença do outro livre de PRECONCEITO!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Marcha pelo fim da Corrupção, eu quero, mas quero mesmo!


É interessante pensarmos em algo chamado CORRUPÇÃO! Um dia após a Marcha contra a Corrupção que aconteceu no dia 07 de setembro – emblemático isso... risos – me vi obrigada a discutir isso um pouco aqui. E para celebrar a imagem daquele que se transformou em herói nacional.

Primeiro é importante destacar que sou meio a meio. Por enquanto meio favorável e meio contrária a tal marcha. Havia dito “sim” ao convite e me preparei prá ir. Mas, depois de uma noite inteira sentada em uma cadeira dura no Hospital Regional de Taguatinga acompanhando a sogra internada em uma enfermaria com pelo menos mais 300 pessoas amontoadas quase uma em cima da outra, acabei desistindo! E isso porque sou vítima da corrupção. Mesmo pagando mensalmente todos os impostos sou obrigada a aceitar isso.
Desisti da marcha no sol vestida de preto na seca de Brasília, desisti porque saí do hospital depois das 11h, desisti da marcha e não da luta e eis o porque sou meio a meio em relação à marcha. Pergunto o que de prático a marcha propõe e eis o que me aparece:

· Fim do voto secreto (uma das maiores excrescências do nosso sistema legislativo) de deputados e senadores. Ufa, foram necessários vários absurdos para que enfim nos revoltássemos contra o voto secreto de quem por dever deve deixar claro sua posição ali, pois está nos representando e não votando por si. Esquecem que é a nossa opinião e não a deles que devem colocar na urna;
· Fim da corrupção é um objetivo tão amplo como a “PAZ MUNDIAL” das candidatas à Miss Universo;

E o que mais? Nada, isso não tá bom!
Não! Eu quero mais propostas práticas, então acho que a marcha e as 25 mil pessoas que lá estiveram, para minha surpresa, devem ir além. Vamos fazer sim milhares de marchas pelo fim da corrupção, lembrando que esta nasce de nós mesmos. Nasce da nossa ignorância, do fato de não lutarmos pelos nossos direitos e não cumprirmos nossos deveres de cidadãos. Será que se eu exigisse dos eleitos o que cumpriram, será que se eu acompanhasse a execução do orçamento e participasse dele, será que se eu não desrespeitasse algumas leis, será que se todos fizéssemos o correto o Brasil seria tão corrupto?
Então proponho uma marcha para cada tema, uma marcha por mês e para além das marchas que tal começarmos agora a deixar a nossa corrupção diária de lado. Que tal dirigirmos dentro da lei (velocidade certa, na via da direita sempre usando a esquerda só para ultrapassagem, parando na faixa de pedestres quando necessário, utilizando corretamente as setas, com IPVA em dia, sem beber, com todo o arsenal de segurança...)? E que tal seguirmos estritamente a lei na TV (só vermos TV que respeite a obrigação de 20% de programas regionais, só assistirmos aos programas que respeitem os valores do país, aumentarmos os programas educativos no nosso controle remoto)? Que tal então a gente propor coisas práticas e leis e sermos verdadeiramente cidadãos:

· Plebiscitos para grandes decisões e com mais freqüência;
· Obrigatoriedade de que todo e qualquer eleito utilize apenas os serviços públicos – se eles administram têm que usar? Você confiaria na Apple se o Steve Jobs só usasse Microsoft? Você confiaria em uma escola onde o diretor não deixa seu filho estudar? É exatamente o que acontece no Brasil, o “chefe” não usa a “empresa” que chefia;
· Obrigatoriedade de divulgação da declaração de bens de todos eleitos enquanto durar o mandato;
· Fim do mandato eterno. Sinceramente não é razoável um sujeito nada produzir e viver “apenas” de política, então certamente essa pessoa não faz política, pois têm que se preocupar com seu sustento e não com o bem comum. A regra é simples: uma única reeleição, depois queridinho volte para sua vida e abra espaço para que outros exerçam esse dever;
· Vinculação do salário dos eleitos ao salário mínimo e sem enormes distâncias. Hoje um deputado e um senador ganham mais de 40 salários mínimos, então que tal ser no máximo 15 salários para o político nacional, 10 para o estadual e 5 para o municipal?;
· Orçamento participativo em todas as esferas;
· Financiamento público de campanha ou no mínimo campanhas mais igualitárias. Isso significa tempos iguais para cada candidato apresentar suas propostas, debates e não comícios;

E nós, cidadãos não-eleitos, o que poderíamos fazer para acabar com a corrupção?

· Respeitar todas as leis – e todos nós já deixamos de seguir pelo menos uma delas;
· Termos uma Constituição em cada lar brasileiro;
· Conhecermos a Constituição Federal – sabe lê-la, entendê-la e fazê-la acontecer;
· Mensalmente conferirmos aonde foi “investido” nosso dinheiro – aquele imposto recolhido quanto entrou nos cofres, quanto saiu e para quê;
· E claro, se discordarmos de algo exigir os ajustes;
· Acompanhar os nossos eleitos – portanto é obrigação nossa lembrar em quem votamos na última eleição e cobrar de todos os eleitos o cumprimento do que prometeram;
· Para isso somos obrigados a conhecer os planos de todos os candidatos e decidir em cima de planos e propostas e não pela beleza, amizade ou propaganda;
· E é claro que precisaríamos pôr fim às nossas corrupções diárias: pagar um café pro guarda não multar, pedir pra professora passar o filho de ano faltando “só” 0,5 ponto, furar fila, parar de enganar a Receita Federal, declarar certinho o que compramos no exterior...

É acho que se fizéssemos uma Marcha para cada coisa dessa lista e fazermos o que é nossa parte aí sim seria uma verdadeira Marcha contra a Corrupção. Ou você acha que só marchar gritando palavras de ordem já lhe faz cumprir sua parte? Não, então faça. O que propõe de prático, o que traz de inteiro, o que acrescenta nesse debate?!

Veja vídeos sobre o tema:
http://www.youtube.com/watch?v=C2x6uTYWXBE
http://www.youtube.com/watch?v=_ub-3K9Wftw&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Kpvridzao5E

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando o trabalho rende boas imagens e idéias

Foto do Palácio do Congresso tirada da frente pelo lado do Senado -
Câmara prato prá cima, Senado prato prá baixo
É interessante pensar que no meu local de trabalho posso captar um universo inacreditável de imagens e situações. Isso porque trabalho literalmente em um cartão postal, ou melhor em um ponto turístico comum nos cartões postais de Brasília.
A minha cidade por si só já é um universo incomensurável de imagens com um céu que quer constantemente nos fundir e confundir levando-nos a crer que o mar é logo aqui no Cerrado. O pôr do sol até hoje não vi mais bonito e parece que a qualquer instante conseguiremos enfim tocar o céu e o infinito, logo ali no fim daquela subida.
Brasília, dizem alguns desavisado que não tem esquina, mas para quê se o cruzamento entre o céu e o infinito tá bem na nossa frente.
Bem, pois é nessa cidade, capital do Brasil, que fica o Palácio do Congresso onde eu trabalho e a Esplanada dos Ministérios. Daqui emana o poder garantido a alguns pelo livre arbítrio de tantos a exercerem o sagrado direito democrático do voto. Nossos parlamentares trabalham aqui, exatamente onde eu trabalho. Nas curvas desenhadas por um Niemeyer socialista que acreditava piamente que essa seria a Casa do Povo e que talvez por isso a tenha feito tão bela.

Foto do Palácio do Congresso tirada do 10º andar do Anexo IV da Câmara,
bela imagem do tamanho do nosso poder
Pena que nessa Casa estejam não apenas os bons representantes do Povo, cada vez em maior número é verdade, mas também aqules que estão apenas a defender seus interesses. Em tempos antigos desta Casa nada nem ninguém ouvia qualquer mínimo barulho a representar-nos, hoje vários sons assim escapam pelas paredes e janelas.

Diante desse retrato, impossível não fazer do meu local de trabalho um dos meus maiores modelos fotográficos. Colocar na imagem o que penso sobre esta Casa é mais do que dizer "Entre, a Casa é sua!", é dizer que eu e todos os brasileiros precisamos que cada um faça a sua parte, é dizer que nossa democracia ainda é muito jovem para a abandonarmos pensando apenas nos nossos interesses, é respeitar nossa história e fazer valer nosso direito, cumprindo nosso dever. É essencialmente alimentar em cada um a certeza de que Bertold Bretch tinha razão e o pior analfabeto é o Analfabeto Político e desse alimento buscar os aliados que com seu voto e sua participação política ainda farão desta a verdadeira Casa do Povo Brasileiro.

Foto dos Dragões a postos para cerimônia oficial.
Pode entrar, a casa é nossa!

Para começar a participar mais acompanhe seu deputados e os projetos de lei no site da Câmara http://www.camara.gov.br/ e seu senador e projetos no site do Senado http://www.senado.gov.br/.

Todas as fotos desse post foram feitas e tratadas no IPhone4.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TULIPAS ABERTAS


Um certo dia olhei no espelho e vi algo desconhecido até então: Uma Tulipa Aberta!
Tulipa aberta na primavera novaiorquina. Delicadeza e desconhecido.
Foto de Mariana Tavares
Eu vi uma mulher apaixonada, desejosa e principalmente envolvida por outra mulher! De repente eu me tornava lésbica. Daquele dia em diante o 29 de Agosto passava a ser um dia importante, um dia de respeito e principalmente um dia de luta! O dia de me tornar visível, o dia para dizer que existo, o dia para deixar claro que mereço direitos, mereço dignidade, mereço respeito; um dia para dizer EU MEREÇO SER VISTA COMO SOU: Uma mulher lésbica!

Alguns podem me perguntar o que isso tem a ver com Tulipas? Simples delicadeza feminina, e certeza! Tulipas só abrem quando têm certeza de que não está frio demais para congelarem, nem quente demais para esturricarem. Tulipas só se abrem quando têm certeza de que podem ser exatamente as flores que são, com sua forte fragilidade, sua delicada textura, sua sutil beleza. Tulipas são assim como mulheres lésbicas flores de intensa beleza e de bela certeza.

Ser lésbica é um direito e um caminho traçado, desses que a gente constrói a cada passo, que a gente faz a cada caminhar. Ser lésbica é a busca incessante e diária pelo direito ao Amor, à Vida, ao Corpo, ao Sonho, ao Desejo, o Direito a ter Direito. Atualmente as mulheres lésbicas representam um universo ainda desconhecido, visto como fetiche para homens ou como seres que “não conheceram o homem ideal”. Poucos se interessam em perceber a diferença que exalamos a partir do momento em que nos abrimos. Todos estão muito acostumados a nos verem por foram, poucos vêem nosso interior, nossa Tulipa Aberta.
Jardim de Tulipas em NY. Belas fechadas em si mesmas!
Foto Mariana Tavares
E para sermos lésbicas precisamos primeiramente desconstruir esses personagens inventados pela nossa sociedade machista e patriarcal. Somos mulheres em primeiro lugar, amamos mulheres e essencialmente não somos homens e nem queremos tomar-lhes nenhum papel. Sinceramente não quero e não preciso de um pênis, não quero e não preciso ser pai, não quero e não preciso assumir papéis que não são meus; mas também não quero que me sejam tirados os papéis que estou pronta para assumir e vivenciar. Sim como mulher posso ser mecânica, posso ser bombeira, posso ser a mulher de outra mulher, posso não ser mãe e com tudo isso posso ser eu mesma e ser muito feliz.

A construção de quem sou é um processo lento e gradual, mas me tornar lésbica é um momento crucial, um de repente que me deixa livre para viver e ser quem sou! Podemos crescer sabendo que somos diferentes das outras meninas, podemos nunca sentir nada por um garoto, podemos ter certeza durante toda a vida que nunca iremos casar, mas ser lésbica nasce em um momento: aquele em que aceitamso quem somos. Do momento em que aceitamos a lesbianidade somos perfeitamente capazes de nos aceitar e de viver o amor que sentimos por outra mulher, somos inteiras, completas e complexas; somos mulheres lésbicas.

E desde o primeiro minuto vivenciamos a certeza de que o caminho para nossa liberdade será diferente do caminho de todas as outras pessoas, tudo porque aprendemos desde o primeiro minuto que vencer o preconceito e a lesbofobia é vencer nossa própria história e os ensinamentos que nos foram passados. Começamos lutando para aceitar que temos o direito de amar outra mulher, depois lutamos para deixar claro aos que amamos que isso não nos torna “monstros” alheios à sociedade, isso não nos marginaliza. Continuamos nossa luta pelo direito a termos médicos que conheçam as especificidades da nossa saúde, seguimos lutando pelo direito a termos respeito e lutamos enfim para sermos vistas como pessoas com os mesmos direitos das outras: direito a licença quando casamos e à lua-de-mel, direito a passearmos de mãos dadas, direito paquerar sem sermos consideradas um bicho de sete cabeças.

E eu naquele momento me olhando no espelho descobri que sou a mulher que vai sempre lutar pelo direito a viver e ser eu mesma. Eu descobri naquele espelho a lésbica que sou. E quantas mais existem no mundo como eu?! Vamos juntas fazer da nossa Visibilidade a nossa conquista diária e o nosso Direito a sermos nós mesmas. Vamos transformar o mundo com a beleza de Tulipas Abertas!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

MÚSICA, CINEMA E IMAGENS QUE SE FORMAM

Julho e Agosto surpreenderam bastante! Após o falecimento estúpido e precoce da fabulosa Amy Winehouse uma onda de otimismo e melancolia me atingiu com as metáforas de Chico Buarque. Para completar, uma grata surpresa deliciosa de Woody Allen a lembrar seus melhores tempos. Sim, é sobre as imagens que se formaram nesses fatos que vou falar hoje.


Então comecemos pela “mulher sem orifício” de Chico Buarque. Eu li boa parte das críticas sobre o disco e confesso que tirando partidarismos da Veja e da Carta Capital, restou-me ouvir o disco e chegar às minhas próprias conclusões e imagens. Sim, Chico Buarque não tem mais 20 e poucos anos e isso o torna certamente menos afoito como em Cotidiano, menos “deliciosamente inconseqüente” como em Apesar de Você, mas certamente o deixa mais verdadeiro, mais sincero, e porque não dizer mais coerente com quem sempre foi. Ele é a alma de Chico onde também está a crítica social. E é nessa crítica que estão os versos tão absurdamente criticados.

Hoje pensei em ter religião
De alguma ovelha, talvez, fazer sacrifício
Por uma estátua ter adoração
Amar uma mulher sem orifício
Sim, Chico literalmente diz que é ateu, não vê problema nisso, mas, pela insistência de todos, resolve pensar nas possibilidades: uma religião de matriz africana (sacrifício de ovelha), talvez uma oriental (Budismo e Hinduísmo adoram estátuas), sem esquecer as cristãs (e sua adoração por Nossa Senhora casta e mãe – a mulher sem orifício). No fim percebe-se que não ter religião é sua única fé. Eu do meu lado também vivo a questionar as religiões. Minha grande fé é a única certeza que tenho e dela advém muitas das minhas imagens porque a religião pode ser esquisita, mas a fé é linda. Uma homenagem ao fabuloso e criticado Chico Buarque que em seu Chico nos lembra que não morreu e ainda tem o que mostrar.

Minha fé é certeza de que algo nos sustenta no mundo
E lembra Amy e sua morte precoce, que levou embora a voz “arrasa quarteirão”! Da sua morte restou-me a imagem de quem não conseguia dormir e no meio da madrugada precisou mostrá-la e dizer que um dia tudo volta à escuridão como em Back to Black. Uma longa exposição de 30’ com o cachorro dando ares fantasmagóricos é meu presente à diva branca do soul. No fim também uma questão de fé!
Madrugada acordada com Amy no som, cerveja no copo e fotografia
Para completar esse período Woody Allen e seu “Meia-noite em Paris”. Se eu já queria ver as imagens da cidade-luz, agora quero mais ainda. Sim, Woody sabe nos encantar, nos mostrar as grandes belezas e delícias de cada lugar e com Paris não foi diferente. Owen Wilson em sua melhor interpretação até hoje dá cara ao alterego de Allen, Kathy Bates é uma surpreendente Gertrude Stein de uma Paris dos anos 20 que todos gostariam de viver, mesmo sabendo que vivê-la não muda em nada nosso hoje. Sim, Allen fez um filme maravilhoso para dizer que passado, presente e futuro têm sua razão de ser e devem ser vividos cada um a seus tempo porque misturá-los só vai mostrar que cada época tem seu bom e seu ruim. E vivê-los é nossa única possibilidade! Para Allen um pouco do meu hoje em um autoretrato fantasioso e diferente.
Fugacidade no Autorretrato

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quando ESCOLHER é o único caminho

Quando “ESCOLHER” é o único caminho


Recebi de um amigo fotógrafo uma bela definição do que é a Fotografia e confesso que a essência do que ele disse me fez escrever esse post. A essência? Escolher!

Buraco do Tatu - cores vibrantes e luz para lembrar que beleza tá em todo lugar
 Verdade absoluta e de repente me vi como uma escolhedora:
• primeiro da cena – real, verdadeira, imaginada ou criada?!;
• depois da luz ideal para aquela cena – clara, escura, natural?!;
• por fim como escolhedora da imagem que melhor retrata o que pensei, posso tiorar uma única foto ou várias, mas a verdade é que por fim escolho (principalmente agora que adotamos quase que definitivamente às máquinas digitais que nos permitem ver e apagar o que não gostamos) se gostei ou não do que fiz com aquela cena.

Buraco Negro - o tradicional Buraco do Tatu pode ser assustador
E quando acho que não cabem mais escolhas em uma imagem, outras escolhas aparecem. Primeiro a minha última, como intitular essa imagem; e no fim uma escolha que não depende mais de mim: você que recebe essa imagem a escolheu, a vê, a entende como tentei traduzir? Sim, aí entra a escolha do espectador, com toda a sua história de vida que olha a imagem e escolhe se nela realmente cabem “mais de mil palavras”.

Tempo que passa pelo Buraco - poesia e cotidiano na realidade brasiliense
Para exemplificar ao longo desse post três fotos tratadas e nominadas de um jeito diferente, tendo sido todas um dia a mesma foto. Cada uma traduz o que pensei que seria possível. A primeira a beleza escondida nas cores vivas do Buraco do Tatu na Rodoviária de Brasília, uma apresentação do interessante lugar de ótimas imagens. Na segunda uma variação transformando-o com a sensação pesada que ele pode passar a quem não se acostumou com o lugar. Por fim uma imagem que dou uma certa suavidade e um ar mais retrô para apresentar a poesia que ali existe.

E você já fez suas escolhas nas imagens que escolhi?!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Quando a imagem conta uma história, mesmo sem contar...


Foto de um cachorro vira-la e de rua na cidade de Santos em SP
Foto de um cachorro abandonado na beira de uma avenida de Santos/SP (Mariana Tavares)
DE QUEM É A RUA



É preciso coragem para ir adiante! Esse era o pensamento constante que rondava minha mente. Por diversas vezes me questionei, será que consigo. Na certeza dava o primeiro passo, na dúvida um leve recuo. Das respostas ao meu constante questionamento minha chance, talvez a única, mas certamente a chance.


Olhei para os lados e dei um passo, ops um ônibus veio em minha direção. Às vezes me pergunto porque não me vêem. Tentei novamente olhei para todos os lados incluindo o céu, cor muito forte quase me cegou. Era vermelho vivo o carro que passou. Pensei: ainda bem que recuei senão vivo mesmo não seria mais.


Nova tentativa e dois passos depois um necessário recuo evitando mais um quase certo atropelamento. Confesso que tive vontade de gritar: Ei vai mais devagar, dá um tempo aí, me deixa atravessar!!! Mas tive receio de que não me ouvissem. Olhei para os lados, nem sinal do trânsito parar, que vontade tive de ir ao semáforo apertar o botão e obrigá-los a parar. Mas cadê semáforo, cadê altura, cadê dedos?


Invejo os dedos humanos, mas para quê inveja de quem me usa como xingamento! Então continuo aqui até algum ser humano se solidarizar e parar para um CACHORRO passar.


Conto de Mariana Tavares

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A difícil arte de escolher um tema

É interessante quando nos decidimos por uma temática. Algumas vezes fiz isso e confesso que consegui boas imagens focando exatamente o que eu queria ver. Creio que esse seja o ponto crucial dessa discussão, quando buscamos um tema, buscamos junto uma teoria, um jeito de defender uma idéia.
Da escolha de um tema nascem as exposições que nos levam a lugares inimaginados e permite que enfim defendamos com imagens a nossa tese.

Foto da Bebel minha linda gata vira-lata
Tenho buscado trabalhar com temas diversificados e isso vocês podem ver na minha galeria do Flickr http://www.flickr.com/photos/mari_m_tavares/, mas confesso que escolhê-los já define muito do que quero. Um dos meus temas preferidos são os vira-latas, sim aqueles simpáticos cães e gatos sem raça definida ou frutos das mais deliciosas misturas. Creio que nesse tema jogo minha paixão pela diversidade e o respeito àqueles que para muitos são desnecessários e que a mim se revelam extraordinários. Um pouco do meu espírito defensor dos "fracos e oprimidos".

Outro tema que busco sempre são as flores, em especial as orquídeas e árvores brasileiras. Confesso que aqui gosto das cores, da dualidade e da possibilidade de mostrar o detalhe, aquilo que ninguém vê e que nesse estar escondido é que mostra mais bonito.
Foto de uma orquídea tratada para ficar monocromática - visão dos detalhes
Indo além gosto do tema Mar e já ganhei até prêmio com fotos dessa temática. Aqui é meu espírito aventureiro e minha paixão por viajar que fala mais alto. A capacidade de parar o tempo e o mundo para contemplar é a tese que defendo nessas imagens, assim como a certeza de que o mar é diversão garantida para todas as idades.

Foto da praia de Copacabana vista do Pão de Açúcar: a princesinha do mar!
Por fim começo agora a trabalhar uma nova temática: Mundo em Miniatura é na verdade o início de um trabalho que pretendo evoluir para uma exposição e mostra as sutilezas, os detalhes e a encenação de uma coleção de kinder ovo. Confesso que a temática tem um pouco do meu amor pela Re, mas muito é a minha certeza de que aquelas coleções contam histórias, diferentes a cada um que lê as imagens. 

Foto de uma peça da coleção de Kinder da Re
 E você qual é a sua temática? Já pensou o que essa escolha pode dizer sobre você?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Quando a vista não alcança

Fui ao casamento de uma prima em Minas Gerais. Na verdade sou obrigada a dizer que nunca havia tido um ano como o de 2011 - o maior número de casamentos na minha história social... Isso definitivamente precisa ser estudado!
Bem, mas vou falar hoje um pouquinho sobre casamentos. Sim, mais precisamente sobre o que a vista não alcança em um casamento específico. Minha prima Ludmila casou-se em maio com o Gismard. Tudo beleza, não fosse um mero detalhe: casamento de cidade do interior! Daqueles que todos se colocam no altar na hora das fotos. Diferente dessa coisa organizada e metódica das grandes cidades, no casamento de interior todo mundo cumprimenta os noivos no altar, inclusive os padrinhos e madrinhas (eu entre elas). O detalhe que a vista não alcança está justamente no respeito ao "sagrado matrimônio". De tão importante que é, tudo que é importante nele aconteceu na Igreja: o sim, os abraços, os beijos, os cumprimentos, a reverência e especialmente a certeza da escolha, do destino.
A Igreja é um capítulo à parte nesse casamento: foi construída pelo tataravô da noiva e só isso já a faria especial, mas é a imagem que nada diz sobre aquilo que a vista não alcança (fé, coragem, escolha, destino) que retrata com fidelidade aquilo que senti na cerimônia: no meio do nada, tudo pode acontecer!
A igreja da cerimônia em Rio Piracicaba (MG)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trabalhando a flor

Trabalhando a flor by Mariana_Tavares
Trabalhando a flor, a photo by Mariana_Tavares on Flickr.
Hoje vou falar um pouco sobre o que penso do tratamento de imagem! Sinceramente algumas vezes me pergunto porque fazê-lo, mas aí vejo no fim um trabalho como esse e descubro que tratar pode ir além de deixar a foto "apenas" mais apresentável, tratar uma imagem pode ser reconfigurá-la e resignificá-la dando-lhe não apenas um novo conceito, mas antes de tudo um novo sentido e uma nova forma, tornando-a uma nova imagem! Curtam essa nova imagem de uma mesma flor!
Foto sem tratamento

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pensar Imagens

Quando decidi começar esse blog sabia do grande problema que seria atualizá-lo. Tenho uma infinidade de fotos e com frequência me vejo fazendo mais, no entanto muitas vezes é fundamental parar, não para tirar as fotos ou para armazená-las no HD mas para pensá-las, antes, durante e depois de fazê-las.
Pensar a imagem, a foto a fantasia, o contexto ideal, tudo isso é parte de um grande universo que nos obriga a parar, refletir, sentir e pensar no fim!
Essa foto foi pensada, depois de tirada, e no pensá-la descobri que podia sim fazer muito mais imagens do que fazia até aquele momento. Esse blog começou a nascer nessa foto. Curtam-a, mas antes reflitam, pensem a imagem construída, sentida, pensada.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Consumismo ou apenas Olhares

Estive em Nova York na Páscoa. Comprei uma máquina nova e mais uma infinidade de coisas. Definitivamente a terra do consumo ficou clara para mim e consegui entender o que significa consumismo.

Na Big Apple para onde olharmos temos oportunidade de comprar... Ahh, não é bem assim! A verdade é que temos espaço para olhar e contemplar aquilo que dinheiro nenhum compra: a sutileza do tempo, a fragilidade dos seres, a beleza escondida em milhões de dólares.
Mas a essência da terra do consumo está na capacidade de gerar olhar! Sim, como disse Hannibal Lecter em Silêncio dos Inocentes, "cobiçamos aquilo que vemos todos os dias". É desse olhar que nasce o consumo.

Portanto é preciso coragem e verdade para olhar e dizer "não, obrigado". E depois de milhares de fotos descobri que apenas olhar pode e deve muitas vezes bastar!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Coragem para questionar

Pensar por imagens ou pensar em imagens?
Essa dualidade vem nos últimos tempos fervendo em minha mente.
Sempre me pergunto qual é o melhor caminho a ser seguido e o principal, o que cada um dos caminhos pode representar nas minhas escolhas.
Nesse sentido pensar em imagens me remete ao momento exato em que nos questionamos se uma imagem vale mesmo a pena (como foto, como sonho, como notícia ou como idéia). É assim que vejo uma imagem como essa e me pergunto se eu teria a necessária coragem de fazê-la. Uma imagem real, necessária, dolorida e seguramente distante (com um olhar tão distante que parece fora do natural).

Foto do tsunami no Japão retirada do site http://www.essaseoutras.com.br/
Por outro lado ao me questionar sobre os verdadeiros valores do mundo. Ao me perguntar porque não enveredei pela rebeldia na visita de Barack Obama (e ao contrário gostei dela) penso por imagens e questiono não o presidente, não o país, não o povo, mas a idéia monocromática do capital acima de tudo! É nesse foco que tenho certeza no meu pensar por imagens.

Foto de Mariana Tavares: copo de coca-cola em tom monocromático.
Retrato do capitalismo
Mas sempre sobra tempo para voltar e perguntar, com um olho no foco e outro na alma, se estou a pensar por imagens ou a pensar em imagens? E você?