segunda-feira, 16 de março de 2015

Luz, a essência da fotografia

Quando pensamos em Fotografia e nos seus princípios básicos, normalmente nos concentramos em entender uma foto como um desenho de luz. Assim, a foto é a representação de algo feito a partir de uma pintura ou um desenho, mas feito com luz. Talvez os Jedis e seus sabres fossem capazes de decifrar melhor essa questão.
Entrada do Jardim Botânico no Rio baixa luz
Nesse contexto podemos definir que a luz e a ILUMINAÇÃO são a alma da fotografia, o pincel com o qual o artista da máquina elabora sua obra. Entender esses princípios é o primeiro caminho para uma boa foto. Mas como utilizar os pincéis de que um fotógrafo dispõe. Como prever, calcular e fazer nossas fotos com a exata quantidade de luz necessária para o que queremos transmitir.
Mais luz na entrada do Jardim Botânico do Rio
O primeiro ponto é entender os mecanismos que regulam a luz na máquina. Assim como nossos olhos que se abrem e fecham para a claridade a máquina dispõe de mecanismos semelhantes. Eles funcionam como nossas pálpebras, retinas, íris etc. Também como nossos olhos as máquina possuem lentes, filtros e outros equipamentos semelhantes aos nossos óculos escuros, lentes de contato e outros mecanismos que controlam a quantidade de luz que nossos olhos absorvem.
Ao longo das nossas próximas postagens vamos entender um pouco melhor cada um desses mecanismos e como utilizá-los. Vamos começar pelo obturador, depois falaremos do diafragma, do ISO, da velocidade ou tempo de exposição, das lentes, dos filtros e por fim do flash e das luzes de estúdio.
Mas antes de tudo isso, precisamos falar um pouco sobre a luz que queremos captar, a imagem que queremos transmitir. Uma imagem mais escura pode transmitir sobriedade, medo, receio, vazio, solidão. Uma imagem mais clara pode ser a tradução de algo mais vivo, mais alegre, mais intenso e ao mesmo tempo menos sério, menos rígido. Essa decisão independe da mecânica e dos equipamentos da máquina. É uma escolha do fotógrafo. É preciso saber qual mensagem queremos transmitir.
A escolha inicial que se faz a partir da mensagem que queremos transmitir é o primeiro passo para a escolha da iluminação necessária de uma foto. Se queremos destacar a aridez de um local, a claridade ajuda nessa sensação de seca enquanto as sombras traduzem o sentimento opressor que a seca nos causa. Uma mesma imagem mais clara traduz um sentimento diferente daquela mesma imagem mais escura.
Aqui no blog já falamos um pouco sobre essa difícil escolha no post Entre a luz e a escuridão. Entender o que queremos já é meio caminho para nos ajudar. Só depois podemos escolher melhor quais ferramentas e como utilizar cada uma delas. Os passos seguintes nós veremos aqui nos próximos dias.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Escolha inevitável


Sinceramente não me considero uma fotógrafa profissional; tampouco, acho que estou num patamar de conhecimento técnico e econômico sobre máquinas fotográficas que me permita criar uma classificação para elas. E ainda assim sou referência para meus amigos no assunto. Frequentemente sou questionada sobre um tema cada vez mais frequente: Mari, que máquina você acha que devo comprar para tirar umas fotos maravilhosas?
Entre um arrepio de medo e a sensação de que a pergunta foi errada minha resposta invariavelmente é: depende do que você quer? O que fará sua foto bonita não é necessariamente a máquina que você vai comprar. E sinceramente, essa é a melhor resposta de todas e a verdade mais absoluta.
Foto de menino à beira do mar em Jericoacoara.
Foto minha  feita com máquina compacta simples.
A beleza e a qualidade de uma foto dependem muito mais de outros fatores, como a luz, o tema, o enquadramento, e não apenas de qual máquina estamos usando. É claro que uma boa lente é fundamental, mas as câmeras compactas já contam com boas lentes.
Também sabemos que depois de certa experiência o tipo de máquina conta muito. Também é óbvio que se sua máquina não possui uma boa variedade de possibilidades para as fotos elas podem mesmo não ficar boas. E para completar, também é sabido que se ela travar ou apresentar outros problemas técnicos de nada vai adiantar uma máquina que não fotografa direito ou que estraga sempre. Tendo dito isso vou listar algumas dicas importantes:
Antes de qualquer coisa, saiba exatamente onde você se encontra no assunto fotografia e o que deseja da máquina. Isso significa que se você nunca pegou uma máquina na vida, não conhece nada de enquadramento e não entende bulhufas de luz, invista em um modelo mais simples para aprender o básico. Comece tirando fotos de uma mesma imagem em momentos diferentes para entender a diferença que faz a luz em uma imagem. Depois tire fotos de um mesmo objeto de diversos ângulos e posições e vá aos poucos se familiarizando com o conceito de enquadramento. Só depois disso invista em fotos mais artísticas que lhe permitirão brincar mais com esses elementos.
Se o que deseja de uma máquina é fotografar as festinhas da sua casa e as férias com a família sem grandes expectativas, também não precisa gastar rios de dinheiro comprando aquela máquina ultra mega hiper cheia de recursos e destinada ao profissional área. A verdade é que você vai gastar um bom dinheiro para usar apenas 10% dos recursos disponíveis na máquina, manter o uso no automático e não aproveitar as possibilidades de exercer a criatividade tão exigida por uma máquina assim. Nesse caso minha recomendação é, escolha uma 90% menor, 90% mais fácil e normalmente 80% mais barata!
Foto de gato à meia luz à noite
Foto feita com máquina semi-profissional equilibrando luz durante a noite.
Por fim, se sua intenção é se tornar verdadeiramente um ás da fotografia, comece hoje mesmo pelo primeiro passo e evolua até ser capaz de encarar um bom curso sem achar que viajou para outro planeta. Aprenda sobre diafragma, abertura, velocidade, ISO, equilíbrio de brancos, uso do flash e só depois compre a máquina um na escala dos seus sonhos. Aprenda todos os recursos, teste tudo e só depois parta para a próxima e assim por diante. E sempre escolha a próxima máquina de modo a aproveitar as lentes e os equipamentos de apoio da anterior.
Se depois de tudo isso ainda fica uma exigência de marcas, preços e tipos; costumo responder: Eu prefiro não escolher por você. Cada um segue seu caminho nesse assunto, mas busque de verdade informações como durabilidade, custos de manutenção (pilhas, equipamentos de apoio, lentes, assistência técnica etc, etc, etc.). Também vale a pena ouvir a opinião de outras pessoas e testar as máquinas antes de comprar. Escolha sempre considerando o seu objetivo. Em tempos de Instagram e celulares com mil recursos pode ser inútil investir em fotografar se o que você quer é só compartilhar a galera.
Completo esse post com duas leituras interessantes: Se você quer uma câmera para viajar, curtir a família e compartilhar a galera vai adorar ler este aqui. Mas se o seu negócio é ir além e se você já passou desses estágios e quer se decidir entre uma câmera profissional ou semi, veja este outro.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Temperatura de cor - a mágica de criar o clima

É engraçado pensarmos em um quesito que para muitos amadores foge de suas capacidades, ou até mesmo daquilo que gostam de se preocupar. A maior preocupação de grande parte dos fotógrafos amadores está no enquadramento ou no foco. Com isso perdem grandes oportunidades de criar climas e deixar claras suas intenções por não se preocuparem com coisas básicas e de extrema relevância. E um desses fatores é a Temperatura de Cor da foto.
Cena do filme Fargo, frieza no tom!
Cena do filme Fargo
Como parte dessa discussão de hoje vou lhes dar de presente um link para um curso online sobre temperatura de cor. Para destacar a importância do tema ele aborda dois filmes de características bem distintas nesse quesito. O frio Fargo e o quentíssimo Faça a coisa certa. No primeiro os tons frios e o excesso de branco e cinza deixam claro a intenção da fotografia, criar um clima de relativo distanciamento que provoca no espectador a sensação de que ele está investigando os crimes. É necessário um afastamento para ser capaz de avaliar e julgar as situações com mais clareza. Os tons frios criam esse afastamento ao mesmo tempo que criam também a necessária imagem de frieza e calculismo de um sequestro forjado.
Cena do filme Faça a coisa certa
No outro contraponto Faça a coisa certa, de Spike Lee, é quente e provoca os sentimentos mais intensos no espectador, trazendo a tona mais sentimentos do que análise e avaliações. Assim o abuso de tons quentes e a busca pela imagem de alto contraste provocam os instintos e não a racionalidade humana.
Foto de Mariana Tavares com temperatura ajustada para esfriar imagem e criar distanciamento e/ou transmitir tristeza.rFoto de Mariana Tavares mostra alegria e intensidade no caminho do mar!No cinema talvez pareça mais fácil entender essa dualidade e essa diferença fique mais evidente do que na fotografia estática. Mas é nessa segunda que nasce a intencionalidade do que se quer revelar. Se eu quero contar uma viagem que foi triste, que teve momentos de desesperança ou quero provocar o afastamento do meu espectador ante a imagem revelada - não necessariamente o afastamento é ruim - a foto da minha viagem deve ser fria, distante e sem contrastes intensos. Se quero o contrário mostrar muita alegria e intensidade, aumento o tom e a temperatura de cor e deixo isso claro. Nem sempre a alegria e a intensidade são boas também. Tudo sempre depende do que queremos mostrar e uma mesma imagem muda radicalmente quando sabemos o que queremos dizer.
Que tal aprender um pouco mais sobre isso?! Deixo a porta aberta!

http://filmmakeriq.com/courses/the-history-and-science-of-color-temperature/